quarta-feira, 20 de maio de 2009

SINAGOGA ISRAELITA DO RECIFE

SINAGOGA ISRAELITA DO RECIFE

Semira Adler Vainsencher
semiraadler@gmail.com
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco


Na primeira década do século XX, existiam somente quatro famílias judaicas no Recife, e elas moravam no bairro da Boa Vista. Conduzidas pelo Sr. Avrum Ishie Vainer, as famílias celebravam suas festas e cultos religiosos, a exemplo do Shabat (o Dia do Descanso), do Rosh Hashaná (o Ano Novo), e do Iom Kipur (o Dia do Perdão), em uma de suas residências, chamada de Sinagoga Sukuron, já que não tinham, ainda, um local específico para funcionar como templo. Seus líderes eram Abraão Josué Vainer (Avrum Ishie Vainer), Abraão Cherpak, Scholem Fainbaum e Elich Foigel.

Nos anos seguintes, com a intensificação das perseguições anti-semitas e a chegada ao Recife de mais imigrantes, principalmente da Europa Oriental - os chamados ashkenazitas, os que falam a língua ídiche - as famílias fizeram dois empreendimentos importantes: 1. adquiriram um terreno para a construção de um cemitério; e 2. formaram o primeiro núcleo institucionalizado da comunidade judaica, o Centro Israelita de Pernambuco.

No dia 20 de julho de 1926, por sua vez, foi fundado um templo judaico no imóvel de número 29, da rua Martins Júnior, no bairro da Boa Vista, que, durante algum tempo, ficou conhecido como Shil Sholem Ocnitzer, em homenagem a um dos seus fundadores. A sua primeira diretoria era assim constituída: Jayme Averbuch (Presidente), Samuel Fainbaum (Vice-Presidente), Maurício Simis (Tesoureiro), Aron Tabatshnik (Vice-Tesoureiro), e J. Fainbaum (Secretário). O local, posteriormente, foi chamado de Synagoga Israelita da Boa Vista; e, a partir de 1987, atualizada a grafia do seu nome, passou a ser Sinagoga Israelita do Recife.

A sua fachada é bem simples, nela observando-se a estrela de Davi, uma estrela de seis pontas que é formada por dois triângulos: um, com a ponta para cima, apontando para tudo o que é espiritual; e, o outro, com a ponta para baixo, apontando para tudo o que é terreno. A estrela de Davi vem sendo utilizada, a partir dos tempos modernos, como o símbolo da identidade judaica.

Na Sinagoga Israelita do Recife, feitos de madeira, estão presentes uma tribuna, um armário com as tábuas de Moisés (entre dois leões), e muitas cadeiras, nas quais podem ser lidos os nomes dos integrantes da colônia judaica, na época. Nas paredes, observam-se alguns cartazes e quadros em hebraico. Um deles, escrito na língua portuguesa, merece destaque:

Deus todo poderoso, Senhor do universo, imploramos a tua bênção e proteção para esta gloriosa Pátria, o Brasil. Dispensa os teus sábios conselhos a seus dirigentes, o dd. Presidente da República, o dd. Governador do Estado e seus colaboradores, para que sigam sempre pelo caminho da justiça e da retidão. Seja da tua vontade abençoar a este País e ao seu Povo com paz e prosperidade eternas.
Amém.

Diferentemente da Sinagoga do Recife – Kahal Zur Israel, a Sinagoga Israelita do Recife não possui uma Micvê – uma espécie de banheira, alimentada por um lençol freático de água límpida e fluente, na qual os judeus tomam o banho ritual e se purificam diante de Deus, em diversas situações.

Cabe informar que a Sinagoga dos sefarditas (os judeus oriundos da Espanha, Inglaterra, Itália, Sul da França, Países Baixos e do norte da África), atualmente extinta, funcionou, durante muitos anos, no imóvel de número 84 da rua da Matriz, no bairro da Boa Vista; e depois se instalou nas dependências do Centro Israelita de Pernambuco, que, até 1950, funcionava na rua da Glória número 215.

Houve ainda um outro templo no Recife, o Shil Chaim Leib Kelner (assim nomeado em homenagem ao seu fundador, o avô do Dr. Salomão Kelner), funcionou entre os anos 1940 e 1965, na casa de número 366, da rua Leão Coroado, também no bairro da Boa Vista.

Fontes consultadas:

FRANCA, Rubem. Monumentos do Recife. Recife: Secretaria de Educação e Cultura, 1977.

KAUFMAN, Tânia Neumann. Passos perdidos, história recuperada: a presença judaica em Pernambuco. Recife: Edição do Autor, 2000.

SINAGOGA Israelita do Recife. Disponível em: Acesso em: 14 jul. 2004.

Um comentário:

  1. Shalom. Seus estudos são de vital importância para a cultura e tradição do nosso povo. Seu site é muito interessante. Tenho lido muito frequentemente seus textos no site da Fundação Joaquim Nabuco. Estou escrevendo um livro e essas informações estão sendo fundamentais. Muito obrigado.

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