quarta-feira, 20 de maio de 2009

PARQUE 13 DE MAIO, Recife

PARQUE 13 DE MAIO (Recife)

Semira Adler Vainsencher
semiraadler@gmail.com
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco




Os primeiros parques públicos no Brasil receberam a influência dos paisagistas europeus. Eles se espelhavam nos modelos dos belos jardins franceses e ingleses, que buscavam valorizar a flora regional e garantir uma qualidade de vida melhor às pessoas.

Durante o período de ocupação holandesa em Pernambuco (1630-1654), o Conde Maurício de Nassau mandou construir um jardim renascentista, no Recife, com cerca de 6 hectares - o Parque do Palácio de Friburgo - que foi o primeiro no País, e continha várias espécies de animais, bem como um jardim botânico com plantas exóticas. Esse parque ficava localizado na atual Praça da República, no espaço onde foi construído o Teatro Santa Isabel.

Até 1880, época em que a camboa do Riachuelo foi aterrada, no bairro da Boa Vista, as terras que hoje fazem parte do Parque 13 Maio pertenciam à Ilha do Rato, um acidente geográfico flúvio-marinho de contornos incertos. No lado sul da ilha, manguezais e alagados jaziam inaproveitados. Esse terreno, portanto, era considerado o Passeio Público 13 de Maio.

Em 1860, o engenheiro inglês William Martineau elaborou o primeiro projeto para a construção de um parque. Nele, estava incluído o espaço do jardim da Faculdade de Direito do Recife e as terras que vão de lá até a Ponte Princesa Isabel. O projeto adotava um estilo geométrico, dividindo a área do parque em quatro jardins repletos de vegetação, com pátios, canteiros e fontes.

No ano de 1875, está documentado que o engenheiro francês Emile Beringuer também elaborou um outro projeto para o parque. Sabe-se que ele continha, pelo menos, um coreto e um aquarium em arquitetura de ferro. De acordo com os especialistas, aquele projeto se assemelhava a alguns belos parques europeus, tais como o Parc Monceau, em Paris, e outros presentes em Lisboa e Bruxelas.

Durante o governo do General Barbosa Lima (1892-1896), teve início a construção do Jardim 13 de Maio. Porém, somente por ocasião do III Congresso Eucarístico Nacional, que foi realizado no Recife, é que a Prefeitura decidiu melhorar o aspecto daquela campina abandonada, construindo no local, então, o Parque 13 de Maio. Vale ressaltar que isso ocorreu em decorrência da pressão de jornalistas, escritores e negociantes, sob o argumento de que os espaços verdes públicos contribuíam, não somente para a beleza das cidades, mas para a saúde e elevação espiritual dos indivíduos.

Cabe salientar que, apesar de não representar o mais antigo, o Parque 13 de Maio é o primeiro parque urbano histórico do Recife. Foi inaugurado como tal no dia 30 de agosto de 1939, medindo 6,9 hectares, situando-se em uma área bastante central da cidade. Nessa época, na produção artística do meio ambiente, já atuava Burle Marx, um dos mais célebres paisagistas do País, e que também elaborou o projeto dos primeiros jardins públicos do parque.

Ali, observa-se uma variada vegetação contendo árvores, ervas tropicais e arbustos. No parque foram plantados dendezeiros, palmeiras imperiais, palmeiras-leque, paus-brasil, flamboyants, acácias, fícus-benjamim, paus-d’arco, além de árvores frutíferas tais como jaqueiras, mangueiras, sapotizeiros, jambeiros, abacateiros e tantas outras.

Em seus postes de iluminação, vêem-se quimeras mitológicas: figuras com cabeça e busto de mulher, asas de águia e corpo de leão. Existem, ainda, equipamentos recreativos para crianças e adolescentes, tais como balanços e escorregos.

Na década de 1940, lá foi construído um restaurante tradicional - o Torre de Londres - que tinha o formato de uma torre e cuja cozinha era considerada como de boa qualidade. Esse restaurante foi posteriormente desativado. E, na década de 1950, uma quarta parte da área do parque foi utilizada para a edificação da Biblioteca Pública de Pernambuco, como ainda de quatro escolas públicas.

Na entrada do Parque, pode-se ler uma placa com os seguintes dizeres:

Este parque, cujo primeiro projeto data de 1865, foi construído em 1939, no governo de Agamenon Magalhães, pelo prefeito Novais Filho, para as solenidades do III Congresso Eucarístico Nacional.

Além disso, é possível se observar o busto de Joaquim José de Faria Neves Sobrinho (1872-1927), um dos fundadores da Academia pernambucana de Letras, com uma placa em seu pedestal onde se lê:

Homenagem do povo de Pernambuco ao poeta Faria Neves Sobrinho. Erigido na administração Barbosa Lima Sobrinho. 1951.

Criados em bronze pelo artista Bibiano Silva, encontram-se também os bustos de Dantas Barreto (com um pedestal de pedra e uma espada colocada na vertical), e do historiador Francisco Augusto Pereira da Costa.

Em 1973 e 1976, ali foram empreendidas algumas reformas. Além de um mini zoológico, o Parque 13 de Maio recebeu duas esculturas em concreto, feitas por Abelardo da Hora: o vendedor de caldo-de-cana, e dois sertanejos nordestinos, sentados, tocando violão. E, nos anos 1980, por questão de segurança dos usuários e como medida de proteção contra o vandalismo que o Parque 13 de Maio vinha sofrendo, o local foi todo cercado por grades de ferro.

Cabe registrar por fim que, segundo a legislação municipal de 1979, o Parque 13 de Maio e a Faculdade de Direito foram declarados sítios de preservação histórica.

Fontes consultadas:

FRANCA, Rubem. Monumentos do Recife. Recife: Secretaria de Educação e Cultura, 1977.

RIBEIRO, Ana Rita Sá Carneiro. O projeto paisagístico, as funções e o uso dos parques urbanos – o Parque 13 de Maio. CLIO Revista do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco, Recife, n. 18, p. 17-25, 1998.

ROCHA, Tadeu. Roteiros do Recife:Olinda e Guararapes. 3. ed. Recife: Gráfica Ipanema, 1967.

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