quarta-feira, 20 de maio de 2009

MARIA BETHÂNIA

MARIA BETHÂNIA

Semira Adler Vainsencher
semiraadler@gmail.com
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco

Maria Bethânia nasceu no dia 18 de junho de 1946, em Santo Amaro da Purificação, na Bahia. Seus pais se chamavam Claudionor Vianna (Dona Canô) e José Telles Velloso (Sr. Zezinho), e o nome da menina havia sido escolhido pelo irmão, o futuro cantor e compositor Caetano Velloso, então com quatro anos de idade. Ele pedira isso aos pais, por gostar muito de uma música de Capiba, gravada por Nelson Gonçalves, intitulada Maria Bethânia.

Apesar de gostar muito de cantar, o sonho daquela baiana, quando pequena, era o de se tornar atriz e não, cantora. Neste sentido, em 1962, Caetano convidou-a para gravar a trilha sonora de um curta-metragem; e, no ano seguinte, quando ele recebeu um convite para musicar a peça teatral Boca de Ouro, de Nélson Rodrigues, decidiria lançar a irmã em público, oficialmente, cantando um samba de Ataulfo Alves e abrindo aquele espetáculo.

No mesmo ano, com João Gilberto e a bossa nova já modificando as suas vidas, Maria Bethânia e Caetano conheciam Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé, Alcivando Luz, entre outros. Em junho de 1964, o grupo era convidado para apresentar um show de música popular Nós, Por Exemplo, em Salvador, na semana de inauguração do Teatro Vila Velha. Em seguida, vinham mais três espetáculos: Nova Bossa Velha, Velha Bossa Nova, e Mora na Filosofia. Neste último, Maria Bethânia seria estimulada por Nara Leão, então musa da bossa nova, e nunca mais deixaria de ser aplaudida.

No início de 1965, às pressas, a cantora arrumava as malas e viajava para o Rio de Janeiro, acompanhada por Caetano, para atender a um convite de Nara Leão, que necessitava ser substituída na peça Opinião (cuja direção musical era de Dory Caymmi e direção geral de Augusto Boal). Maria Bethânia estreou no dia 13 de fevereiro, fazendo muito sucesso com a música Carcará (de João do Vale/José Cândido) e que significou um marco da sua estréia em disco. Ainda em 1965, ela gravava os seus primeiros discos (um compacto e um LP) contendo sambas de Noel Rosa, Benedito Lacerda e algumas músicas de Caetano, bem como participaria do show Arena Canta Bahia, no Teatro de Arena, em São Paulo, junto com seu irmão, Gilberto Gil, Gal Costa, Pitti e Tom Zé. E, no ano seguinte, depois de assinar um contrato de seis meses com a TV Record, o grupo permaneceria seis meses em cartaz no Teatro de Arena, com o show Arena Canta Bahia; e realizava o espetáculo Tempo de Guerra. A partir daí, a cantora não parou de gravar discos, mantendo-se, sempre, no topo, como uma grande artista.

Até 1970, através de sua presença forte nos palcos, Maria Bethânia marcaria suas inúmeras apresentações em boates e teatros do Rio de Janeiro e de São Paulo. Em 1971, gravava o LP A Tua Presença, que recebeu generosos elogios da crítica por sua qualidade técnica e artística; e, em julho do mesmo ano, estreou no Teatro da Praia, no Rio de Janeiro, com o show Rosa Dos Ventos. Este espetáculo possibilitou ao público evidenciar a versatilidade da cantora no palco, local onde ela atuou como intérprete dos mais variados gêneros musicais: do bolero ao baião, e do frevo ao samba. Maria Bethânia logo se tornaria nacionalmente conhecida, com mais de 30 discos gravados ao longo da carreira, dividindo espetáculos e álbuns com Caetano, Chico Buarque, Edu Lobo.

Em novembro de 1972, seu novo disco produzido por Caetano (Drama – Anjo Exterminado) chegava às lojas. E, em seguida, a cantora se apresentava na Itália, na Alemanha, na Áustria, na Dinamarca e na Noruega.

No início de 1976, ela gravou o LP Pássaro Proibido, que representou um outro marco em sua carreira. Além de receber o primeiro disco de ouro, pela vendagem deste LP, Maria Bethânia, através da música Olhos Nos Olhos (de Chico Buarque), deixou de ser, apenas, uma cantora apresentada pelas rádios FM, vindo a ocupar os primeiros lugares das emissoras AM, e se consagrando, definitivamente, como uma cantora popular. Ainda em 1976, ela participou do Projeto Doces Bárbaros, um conjunto musical formado por Caetano, Gal Costa e Gilberto Gil. O espetáculo excursionou pelo País, virando disco e filme.

Com o disco Álibi, gravado em 1978, Maria Bethânia se tornou a primeira cantora a vender mais de um milhão de cópias. O disco continha as músicas Negue (de Adelino Moreira/Enzo Passos), Sonho Meu (de Ivone Lara/Délcio Carvalho), Cálice (de Gilberto Gil/Chico Buarque), Ronda (de Paulo Vanzolini), e Explode coração (de Gonzaguinha). Dois anos depois, ela gravaria o disco Brasil, com Caetano, João Gilberto e Gilberto Gil. Por sua vez, o seu LP Dezembros, lançado em 1986, destacava o bolero Anos Dourados, de Tom Jobim e Chico Buarque.

Até meados da década de 1990, a cantora realizou discos mais intimistas, mas, em 1994, voltou ao romantismo, em um só disco, com a música As Canções que Você Fez pra Mim, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Em 1996, lançava o CD Âmbar, que no ano seguinte era transformado no espetáculo Âmbar - Imitação da Vida, um álbum duplo e grande sucesso de público. O CD duplo Diamante Verdadeiro, também com um espetáculo ao vivo, foi lançado em 1999.

Só de Caetano Velloso, Maria Bethânia gravou as músicas Baby; De manhã; Diamante verdadeiro; A Tua Presença Morena; As Ayabás; Avarandado; Ela e Eu; Esse Cara; Gente; Eu e Água; Iansã; Luz da Noite; Maria, Maria; Quem Me Dera; Midas; Reconvexo; Quero Ficar com Você; Tá Combinado; Talismã; Tigresa; Trampolim; Sucesso Bendito; Taturano; Tudo de Novo; Sete Mil Vezes; O Nome da Cidade; Onde Andarás; Noite de Cristal; Motriz; Negror dos Tempos; Vida Real; Um Índio; Sol Negro; Queda d´Água; Pele; No Carnaval, entre outras.

Ao longo se sua carreira, Maria Bethânia vem gravando, ainda, músicas de inúmeros compositores nacionais. E, há décadas, por sua performance, ela é considerada uma das melhores cantoras da música popular brasileira.


Fontes consultadas:

FONSECA, Herbert. Caetano, esse cara. Rio de Janeiro: Revan, 1993.

ÍCONES. Disponível em: . Acesso em: 20 mar. 2005.

MARIA Betânia. Disponível em: . Acesso em: 20 mar. 2005.

MARIA Betânia. Disponível em: . Acesso em: 20 mar. 2005.

MARIA Betânia Viana Telles Velloso. Disponível em: . Acesso em: 20 mar. 2005.

SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Erico Vital (Org.). Dicionário mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.

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